Choque Amazônico: Peru e Colômbia Mobilizam Tropas na Disputa pela Ilha de Santa Rosa
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Militares do Peru chagam em ilha reivindicada plea Colombia | Foto: Reprodução/ redes sociais |
Contexto histórico e origem do conflito
A disputa pela Ilha de Santa Rosa, situada na tríplice fronteira entre Brasil, Colômbia e Peru, ganhou nova intensidade nos últimos dias. A ilha, que emergiu por sedimentação natural nas águas fluviais do Amazonas, passou a ser reivindicada com vigor por Lima e Bogotá. Atualmente, cerca de 3 000 pessoas vivem na região — a maioria delas consideradas peruanas pelas autoridades de Lima, mas situada geograficamente próxima da cidade colombiana de Letícia.
Em junho de 2025, o governo peruano oficializou a criação de um distrito na ilha, enviando funcionários públicos e instalando sinais de autoridade administrativa. A Colômbia, por sua vez, contestou essa ação, argumentando que a ilha não existia no período de demarcação do século passado e, portanto, deveria ser objeto de tratativa bilateral.
As movimentações militares e gestos simbólicos
Nos últimos dias, militares peruanos foram deslocados para Santa Rosa, onde hastearam dezenas de bandeiras do país. Simultaneamente, a Colômbia reforçou seu efetivo em Letícia, cidade ribeirinha estratégica para o comércio amazônico.
O presidente colombiano, Gustavo Petro, transferiu para Letícia as comemorações da vitória nacional — um evento que costuma ocorrer em Bogotá — como ação simbólica de reafirmação de soberania. Ele anunciou ainda que poderá recorrer à Justiça internacional caso o impasse não seja solucionado diplomaticamente.
Ao mesmo tempo, o governo peruano acusou a Colômbia de violar seu espaço aéreo por meio do sobrevoo de um avião militar na área da ilha. O episódio foi classificado como “grave violação da soberania”, uma vez que a aeronave — identificada como A-29 Supertucano — não teria recebido autorização prévia.
Dimensões geográficas e econômicas em jogo
A Amazônia é um território dinâmico, e o curso do rio Amazonas tem mudado ao longo do tempo. Estudiosos afirmam que as alterações no fluxo podem reduzir ou até eliminar o acesso direto de Letícia ao principal canal fluvial até 2030, o que prejudicaria o papel comercial da cidade como porto amazônico.
Além disso, o Peru sustenta que a Ilha de Santa Rosa faz parte da Ilha de Chinería, território atribuído a seu país por uma comissão mista em 1929, e que exerce soberania contínua há décadas.
Impasses diplomáticos e histórico recente
A crise diplomática entre os dois países remonta a 2022, quando o colapso político no Peru culminou na destituição do presidente Pedro Castillo — classificada por Petro como “golpe de Estado”. A resposta foi a retirada dos embaixadores, reduzindo o diálogo entre as nações a encarregados de negócios.
Desde então, as relações nas esferas diplomática e governamental permanecem tensas, o que torna a solução do confronto por meios ordinários mais complexa.
Possíveis desdobramentos e cenário futuro
O que está em jogo?
- Valorização simbólica e soberania territorial para ambos os países;
- Preservação do acesso ao Amazonas para Letícia, com impacto econômico direto;
- Precedente geográfico-jurídico para disputas futuras na região amazônica;
- Risco de escalada militar se as tensões persistirem sem negociação.
Os próximos passos incluem a realização da Comissão Mista de Fronteiras — prevista para setembro de 2025 — onde os governos podem tentar retomar o diálogo. Caso contrário, a Colômbia pretende recorrer a tribunais internacionais, como mencionou Petro.
O embate por Santa Rosa reflete elementos centrais da geopolítica amazônica: a fluidez das fronteiras, mudanças ambientais, disputas de soberania e interesses econômicos regionais. A mobilização militar, os gestos simbólicos e as tensões diplomáticas destacam a complexidade de resolver uma disputa que envolve não apenas territórios, mas também identidades e futuro comercial.
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