Surto de Ebola na República Democrática do Congo: Uma Emergência em Kasaï

Novo surto reacende alerta global
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Em 4 de setembro de 2025, o Ministério da Saúde da República Democrática do Congo (RDC) anunciou o 16º surto de ebola no país, após a confirmação de 28 casos suspeitos e 15 mortes, das quais quatro eram profissionais de saúde, o que destaca a gravidade e a urgência da situação.

Contexto e primeiros casos: a origem do surto

O primeiro caso foi registrado em 20 de agosto na província de Kasaï, no sul do país. A vítima era uma mulher grávida de 34 anos, residente na zona de saúde de Boulapé, que desenvolveu sintomas graves como febre alta, vômitos e, posteriormente, falência múltipla dos órgãos, vindo a falecer em 25 de agosto.

Os casos foram concentrados nas zonas de saúde de Boulapé e Mweka. Até a data do anúncio, 14 das 15 mortes foram em Boulapé e uma em Mweka .

Resposta das autoridades e organismos internacionais

A Organização Mundial da Saúde (OMS) imediatamente enviou equipes especializadas — epidemiologia, prevenção de infecções, laboratórios e manejo de casos — para reforçar a vigilância, o tratamento e as medidas de controle sanitário nos locais afetados.

Além disso, foram despachadas duas toneladas de suprimentos médicos, incluindo equipamentos laboratoriais móveis, EPIs e outros instrumentos essenciais para conter o contágio.

A África CDC também entrou em ação, enviando especialistas para apoiar a rastreabilidade de contatos, gestão de dados e comunicação com a comunidade.

A RDC dispõe de um estoque de tratamentos específicos e 2.000 doses da vacina Ervebo, que já estão preposicionadas na capital e em breve serão transportadas para Kasaï e utilizadas na vacinação de profissionais de saúde e contatos próximos.

O perigo e a natureza do vírus

O surto foi identificado como sendo da variante Zaire ebolavirus, a mais letal entre as cepas conhecidas.

O ebola é uma doença hemorrágica grave, com taxa de letalidade que pode ultrapassar 50%, transmitida pelo contato direto com sangue, fluidos corporais ou tecidos de indivíduos ou animais infectados. Os sintomas incluem febre, vômitos, diarreia, hemorragias e falência de órgãos.

Histórico de surtos na RDC: uma tragédia recorrente

Este é o 16º surto de ebola registrado desde que o vírus foi identificado pela primeira vez na RDC em 1976.

  • O surto mais recente antes deste ocorreu em 2022, na província do Equateur, controlado em menos de três meses 
  • Em 2018–2020, a região dos Kivus e Ituri sofreu a pior epidemia do país, com cerca de 2.299 mortes
  • Globalmente, entre 2014 e 2016, a pior crise de ebola se deu na África Ocidental, com mais de 11.300 óbitos.

Desafios atuais e fatores agravantes

A província de Kasaï é de difícil acesso, com estradas ruins e poucas ligações aéreas, o que dificulta o acesso a cuidados médicos e a logística de resposta rápida.

Além disso, o país enfrenta outras crises de saúde — como surtos de mpox e cólera — e cortes significativos na ajuda internacional, o que pode comprometer a resposta coordenada em larga escala.

O que esperar nos próximos dias

Os dados atuais ainda são provisionais e é esperado que novos casos venham à tona à medida que as investigações avançam. A capacidade de identificar e isolar casos, rastrear contatos e vacinar populações de risco será fundamental para conter a disseminação.

A OMS e parceiros seguem com mobilização total, afirmando: “Estamos agindo com determinação para interromper rapidamente a disseminação do vírus e proteger as comunidades”.

Conclusão: um alerta à vigilância global

O novo surto de ebola na RDC é um lembrete contundente da vulnerabilidade persistente de regiões com infraestrutura precária e fragilidade sanitária. Com mobilização internacional, medidas de prevenção e conscientização comunitária, há esperança de contenção rápida.

Manter atenção, ampliar a comunicação e fortalecer a preparação médica são legados que este surto deixa como lição urgente para todos os países.


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