Bíblia infantil com foco em justiça social gera debate entre cristãos

Uma nova coleção de histórias bíblicas voltada para crianças está gerando discussões entre cristãos evangélicos nos Estados Unidos e além
Bíblia infantil com foco em justiça social gera debate entre cristãos

Bíblia infantil com foco em justiça social gera debate entre cristãos

Uma nova coleção de histórias bíblicas voltada para crianças está gerando discussões entre cristãos evangélicos nos Estados Unidos e além

O livro foi lançado pela editora Beaming Books e é voltado para crianças de 4 a 10 anos. Com 52 histórias bíblicas, a obra apresenta personagens com diferentes tons de pele — preto, pardo, caramelo — e evita representações eurocêntricas. Segundo as autoras, reverendas Jacqui Lewis e Shannon Daley-Harris, o objetivo é ensinar uma “teologia do amor e da justiça” que não precise ser desaprendida na vida adulta.

“Queremos que as crianças entendam desde cedo que a fé cristã é sobre acolhimento, compaixão e equidade”, disse Lewis em entrevista ao Religion News Service.

Repercussão entre cristãos evangélicos

A proposta gerou reações diversas entre líderes e fiéis. Enquanto alguns veem a iniciativa como uma forma de tornar a Bíblia mais acessível e representativa, outros alertam para o risco de distorções teológicas. “A Bíblia não precisa ser adaptada à cultura, mas a cultura deve ser transformada pela Bíblia”, afirmou o pastor norte-americano John MacArthur em comentário recente sobre o tema.

Nas redes sociais, muitos cristãos expressaram preocupação com a abordagem progressista. “Não podemos permitir que ideologias se sobreponham à verdade bíblica”, escreveu uma seguidora em um fórum cristão.

O desafio da representatividade na fé

A discussão sobre diversidade nas representações bíblicas não é nova. Há décadas, estudiosos e líderes religiosos debatem como tornar a fé mais inclusiva sem comprometer sua essência. O lançamento da “Just Love Story Bible” reacende esse debate, especialmente no contexto da formação espiritual infantil.

Para as autoras, a representatividade é essencial para que todas as crianças se sintam parte da história de Deus. “Quando uma criança negra vê um personagem bíblico com sua cor de pele, ela entende que também é imagem e semelhança de Deus”, disse Daley-Harris.

Fidelidade bíblica versus releitura cultural

O ponto mais sensível da discussão é a fidelidade ao texto bíblico. Críticos argumentam que a obra pode promover uma releitura ideológica das Escrituras, priorizando temas sociais em detrimento da mensagem original. “A Bíblia é clara em seus valores. Justiça e amor são centrais, mas precisam ser compreendidos à luz da revelação divina, não da cultura do momento”, afirmou o teólogo brasileiro Augustus Nicodemus em uma publicação sobre o assunto.

Por outro lado, defensores da iniciativa afirmam que a Bíblia sempre foi interpretada em diferentes contextos e que a proposta não nega a fé, mas amplia sua aplicação.

O papel dos pais e da igreja na formação espiritual

Independentemente da abordagem, especialistas concordam que os pais e líderes religiosos têm papel fundamental na formação espiritual das crianças. Cabe a eles discernir quais materiais são adequados e como apresentar os valores cristãos de forma fiel e amorosa.

“Não podemos terceirizar a educação espiritual dos nossos filhos. Devemos ensinar a Palavra com verdade, graça e responsabilidade”, disse a pastora e educadora cristã Priscila Rocha.

Entre o acolhimento e a verdade

A “Just Love Story Bible” representa uma tendência crescente de adaptar conteúdos religiosos às demandas culturais contemporâneas. Para os cristãos evangélicos, o desafio é equilibrar acolhimento e fidelidade bíblica, sem abrir mão da verdade revelada nas Escrituras.

Que possamos ensinar às crianças o amor de Deus sem comprometer a integridade da Palavra. Afinal, a verdadeira justiça começa com a verdade que liberta.

“Ensina a criança no caminho em que deve andar, e ainda quando for velho não se desviará dele.” – Provérbios 22:6

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