Lição 9 - Adultos CPAD : Vontade — O que move o ser humano │4º Trim 2025

Lição 9 - Adultos CPAD : Vontade — O que move o ser humano
TEXTO ÁUREO 
“Digo, porém: Andai em Espírito e não cumprireis a concupiscência da carne.” (Gl 5.16).
 
1. “Andai em Espírito” — o princípio: Andar no Espírito significa viver diariamente debaixo da direção, influência e poder do Espírito Santo. Não é um evento, mas um estilo de vida. Envolve: Submissão ao Espírito (Rm 8.14 ARC) Sensibilidade à voz de Deus,prática constante da oração, meditação e obediência,produção natural do fruto do Espírito (Gl 5.22–23 ARC) É como se Paulo dissesse: “Caminhem guiados pelo Espírito em cada decisão e ação.”

2. “E não cumprireis a concupiscência da carne” — o resultado. A carne não significa o corpo físico, mas a natureza humana inclinada ao pecado — desejos contrários à vontade de Deus (Gl 5.17 ARC). Concupiscência da carne = desejos desordenados, paixões pecaminosas, impulsos que nos afastam de Deus.

Paulo não diz: “Lutem contra a carne e depois andem no Espírito.” Ele diz: “Andem no Espírito” PRIMEIRO — e isso automaticamente enfraquece o domínio da carne. 
 

VERDADE PRÁTICA 

Guiada por Deus, a vontade é uma bênção extraordinária, vital para a existência humana. 

A vontade humana é uma das maiores dádivas que Deus concedeu ao ser humano.
Ela nos diferencia dos animais, pois nos dá a capacidade de escolher, decidir e discernir entre o certo e o errado. Mas essa vontade só se torna uma bênção extraordinária quando está guiada por Deus.

 

 

LEITURA DIÁRIA 

 

  • Segunda — 1Co 7.37-39 Poder sobre a própria vontade 
  • Terça — Jo 6.38-40 Jesus cumpriu inteiramente a vontade do Pai 
  • Quarta — Pv 31.10-13 A mulher virtuosa trabalha de boa vontade 
  • Quinta — Ef 6.5-9 Trabalhando de boa vontade 
  •  Sexta — 1Jo 2.15-17 Renunciando à própria vontade 
  • Sábado — Fp 2.12,13 Deus implanta bons desejos em nós  

 

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE 

Gálatas 5.16-21; Tiago 1.14,15; 4.13-17. 

Gálatas 5 

 16 — Digo, porém: Andai em Espírito e não cumprireis a concupiscência da carne. 

17 — Porque a carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne; e estes opõem-se um ao outro; para que não façais o que quereis.

 18 — Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais debaixo da lei. 

 19 — Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: prostituição, impureza, lascívia, 

20 — idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias,

 21 — invejas, homicídios, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o Reino de Deus. 

 Tiago 1 

14 — Mas cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência. 

 15 — Depois, havendo a concupiscência concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, sendo consumado, gera a morte. 

 Tiago 4 

13 — Eia, agora, vós que dizeis: Hoje ou amanhã, iremos a tal cidade, e lá passaremos um ano, e contrataremos, e ganharemos.

 14 — Digo-vos que não sabeis o que acontecerá amanhã. Porque que é a vossa vida? É um vapor que aparece por um pouco e depois se desvanece. 

15 — Em lugar do que devíeis dizer: Se o Senhor quiser, e se vivermos, faremos isto ou aquilo. 

16 — Mas, agora, vos gloriais em vossas presunções; toda glória tal como esta é maligna. 17 — Aquele, pois, que sabe fazer o bem e o não faz comete pecado.

 

I. VONTADE: MOTIVAÇÃO E AÇÃO

 

1. Conceito de vontade. Volição ou vontade é a capacidade humana de desejar, querer, almejar, escolher e agir. Pode ser entendida também como motivação. Sem desejo ou vontade não há motivação e, via de consequência, ação. Nesse conceito amplo, há manifestação da vontade mesmo quando o que fazemos não era originariamente nossa vontade, mas de outrem, se a ela aderimos voluntariamente (Sl 143.10; Lc 22.42). A conversão é um exemplo de mudança na vontade humana por meio do arrependimento (At 3.19). Todo verdadeiro cristão é alguém que, impulsionado pela graça de Deus, renunciou sua própria vontade para fazer a vontade de Cristo (Mt 16.24). É o livre-arbítrio funcionando (Hb 2.3; 3.7-13; Ap 22.17).


2. Do pensamento à ação. Um pensamento pode ser apenas um pensamento, sem relação alguma com um sentimento ou um desejo. Por exemplo: podemos pensar em uma viagem que fizemos sem que isso nos traga qualquer emoção. Mas também podemos recordar com nostalgia e desejar viajar novamente. E esse desejo pode nos motivar a comprar a passagem e repetir a experiência. Em um caso assim ocorre um fenômeno completo: pensamento, sentimento, desejo e ação. Aconteceu com Eva no Éden. Em sua conversa com a serpente, a mulher refletiu sobre o significado do fruto da árvore da ciência do bem e do mal até ser enganada (1Tm 2.14). Ao acreditar na falsa elevação que obteria (“sereis como Deus”, Gn 3.5) certamente sentiu alguma emoção. O próximo passo foi a manifestação do desejo, que gerou a ação: tomou do fruto e comeu (Gn 3.6).

3. Fraqueza de vontade. Adão pecou sem ser enganado. Isso significa que seu entendimento da proibição e consequências relativas ao fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal não foi alterado. O problema de Adão se deu na esfera da vontade. Em vez de permanecer firme em seu propósito de obedecer a Deus, decidiu pecar aderindo à vontade de Eva, que lhe deu o fruto (Gn 3.6; Rm 5.12). Quantas decisões erradas tomamos plenamente conscientes de suas consequências! Da violação de uma restrição alimentar a condutas mais graves, muitas vezes o desejo fala mais alto que a razão. A busca do prazer pelo prazer é uma característica da cultura hedonista. Vícios e compulsões arrastam multidões, mesmo que elas conheçam seus destrutivos efeitos. Assim, só Jesus pode libertar o ser humano de prisões espirituais (Jo 8.36; Rm 1.16). 

 

  II. DESEJOS: DA ESCRAVIDÃO À REDENÇÃO


1. A experiência do deserto.
O povo de Israel tornou-se escravo dos seus desejos durante a peregrinação pelo deserto: “deixaram-se levar da cobiça, no deserto, e tentaram a Deus na solidão. E ele satisfez-lhes o desejo, mas fez definhar a alma” (Sl 106.14,15). Apesar das grandes maravilhas operadas por Deus, os hebreus, tomados de ingratidão, lembravam-se das comidas do Egito e se deixavam dominar por seus desejos (Nm 11.5,6). Pensavam, sentiam e desejavam o que lhes era servido na casa da escravidão, de onde haviam sido libertos com mão forte (Êx 20.2; Dt 26.8). O culto aos desejos lhes trouxe terríveis consequências: perecimento e morte (Sl 78.29-33; Nm 11.33,34; 14.29). Como nos adverte Paulo, tudo isso foi escrito para aviso nosso. Não nos deixemos levar por nossos próprios desejos (1Co 10.1-13).

2. Os desejos na era cristã. O drama dos desejos continua na era cristã, com uma diferença fundamental: Cristo venceu o pecado e nos dá poder para também vencê-lo (Rm 6.3-6,11-14). Contudo, enquanto estivermos neste corpo mortal enfrentaremos um conflito espiritual constante. Todo o cristão precisa decidir diariamente entre sua vontade carnal e a vontade do Espírito: “Porque a carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes opõem-se um ao outro; para que não façais o que quereis” (Gl 5.17). A carne (sarx, natureza pecaminosa) tem seus próprios desejos, que são contrários ao Espírito. Vê-se, então, em nosso interior, uma luta travada. Cabe-nos decidir entre satisfazer os desejos da carne, que são pecaminosos, ou atender a voz do Espírito e viver segundo sua direção (Gl 5.18).

3. A decisão do homem redimido. A obra da salvação realizada por Cristo nos liberta do poder do pecado. Diante dos desejos da carne e da vontade do Espírito, o homem redimido inclina-se “para as coisas do Espírito” (Rm 8.5). Isso é resultado de sua nova natureza (Ef 4.24; 2Co 5.17). Significa que não podemos nos conformar com os desejos do velho homem, mas, pelo poder do Espírito, nos dedicar ao processo de mortificação de nossa carne, a velha natureza (Rm 8.11-13; Cl 3.5). Nossos desejos pecaminosos não deixam de existir, mas em Cristo triunfamos sobre eles; vivendo, andando e frutificando no Espírito (Gl 5.22-25; 1Jo 3.6). 

 

   III. O ENSINO SOBRE OS DESEJOS, EM TIAGO


1. Atração e engano. Tiago 1.14,15 trata dos desejos carnais e suas consequências. Empregando o conhecido termo “concupiscência” (epithumia) com o sentido de “maus desejos”, o apóstolo refere-se ao processo de tentação e pecado: “Mas cada um é tentado, quando atraído e engodado por sua própria concupiscência” (Tg 1.14). A faculdade da vontade é retratada neste texto como um elemento de comunicação interna que tem a capacidade de atrair e enganar. Assim sendo, o mau desejo é capaz de afetar a própria razão, levando-a a acreditar que o pecado não produz consequências ruins, mas boas. Nesse processo, a mente é entorpecida depois do desejo ter sido aguçado.

2. Abortando o processo. Na lição 7 estudamos sobre a importância de interromper maus pensamentos para evitar a prática de pecados. Pelo texto de Tiago observamos que é preciso, também, abortar os maus desejos. Aliás, eles são ainda mais perigosos, pois podem influenciar diretamente nossas decisões. Quando encontra seu objeto ou alvo, o desejo se torna intenso. Se não for rejeitado, não descansa até convencer, derrubando as barreiras da consciência: “Depois, havendo a concupiscência concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, sendo consumado, gera a morte” (Tg 1.15). Que o Senhor nos livre de toda a tentação (Mt 6.13). Não nos esqueçamos, contudo, de fazer a nossa parte: viver em constante vigilância e oração (Mt 26.41). 

 

 CONCLUSÃO


Apesar de nossa tendência pecaminosa, não podemos encarar os desejos apenas de forma negativa. A vontade humana é uma faculdade essencial para a nossa existência. Quando guiada por Deus é uma grande bênção, responsável por nos mover para pequenas e grandes realizações. Como é bom amanhecer motivado todos os dias! O ânimo e o entusiasmo fazem parte de uma vontade sadia e ativa. São dados por Deus e servem para nos impulsionar para as tarefas cotidianas, independentemente da fase da vida (Sl 92.12-14; Jl 2.28; Tg 4.15).